Durante a era glacial muitos animais morriam por causa do frio. Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram se juntar em grupos, assim se agasalhavam e se protegiam mutuamente. Mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam mais calor. Por isso, decidiram se afastar uns dos outros e voltaram a morrer congelados. Então precisavam fazer uma escolha: ou desapareceriam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros. Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos. Aprenderam, assim, a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima poderia causar, já que o mais importante era o calor do outro. E assim sobreviveram...
(Autor desconhecido)
Acordei cedo e resolvi passear. Domingo de manha não é dia de ficar parado, ao menos para mim. Vesti-me com a melhor roupa, o melhor tênis e a melhor das intenções, afinal, sabia que mais tarde iria receber uma visita muito querida. Caminhando pelo bairro olhava ao redor e percebi que sou uma peça inserida no contexto curitibano a quase 9 anos. Esta semana completei 26 ; quando pisei por essas bandas tinha 17 e de lá para cá mudei junto com Curitiba, mudei tanto ao ponto de não mais me reconhecer Curitiba. Ao chegar em casa o passeio foi outro, minha visita, o querido Pai Joaquim chegou como prometido e temos um importante trabalho a fazer, passear pelas suas palavras e pelos textos já postados neste blog que respira junto com a Tribo. Respirar é preciso, silenciar também...
Gosto das pessoas que são boas ouvintes, pois acreditem, elas aprendem muito mais. Ouvir é silenciar por fora, falar é som que sai, sai e vai, vai e entra, entra e muda. Em uma reunião da qual participei esta semana o meu ouvir me incomodou, o falar também. Pai Joaquim nesta última gira optou pelo silêncio, silêncio este que de maneira alguma se tratou de omissão, pois o pai não pode caminhar por seu filho, ele precisa ver o garoto cair e levantar. Levantando da cama abri um livro e me deparei com uma frase no mínimo pertinente:
É fácil trocar palavras, difícil é interpretar o silêncio!
É fácil caminhar lado a lado, difícil é saber como se encontrar!
É fácil caminhar lado a lado, difícil é saber como se encontrar!
Já que não tenho idéia de quem seja esta frase, embrulho-a em um lindo laço vermelho e entrego de presente a você. Agora esta frase é sua. Um presente que quero que carregue durante nosso passeio. Esta pronto? Melhor roupa, melhor tênis, melhores intenções? Vamos lá ...
“Vai ficar exatamente o que você quiser que fique, pois só você pode reconhecer o quanto de energia depositou nas suas ações, iniciadas e concluídas, só você pode afirmar se concluiu tudo que tinha para ser concluído, com êxito, ou se ao menos esta se dedicando de fato. Às vezes nosso melhor ainda não é o bastante, mas acredite e confie nas conseqüências, no movimento, no ir e vir, no inicio e no fim de cada coisa!”
O que você quer que fique? - Mario Patruni – 06 de fevereiro.
“Não existem perguntas erradas, nem tampouco respostas certas, o que existe é apenas o momento em que cada um vive, pois tudo que enxergo é apenas aquilo que minha visão alcança.”
O que Oxóssi? – Mário Patruni – 23 de fevereiro.
“Quando nos aproximamos de outra realidade que não a nossa, algumas coisas entendemos, outras nem tanto... lembremos de algumas verdades que construíram o que somos hoje. Entre grandes, pequenas, ou mentiras necessárias, opte sempre pela grande, pequena ou necessária verdade. Pode acreditar!”
Aos Pretos Novos. – Mário Patruni – 21 de março.
Já cansou? Caminhamos bastante e você nem percebeu. Vamos sentar um pouco, respirar e silenciar. Nessa pausa recordei um amigo que conheci há pouco tempo e que inclusive já foi embora, mas, esse tempo foi suficiente para tirar grandes lições. Dizendo que não era adepto a nenhuma religião e que eu falava muito sobre a minha, o que mais o incomodava era a hierarquia existente em todas que limitava o pensamento dos praticantes. Cada vez que tentava falar alguma coisa sobre como via a hierarquia na umbanda, era interrompido por mais argumentos. Percebi que pouco adiantava eu tentar lhe ensinar algo, ele não estava disposto a aprender. Ao olhar no fundo dos seus olhos, senti nele um medo muito grande e junto com isso um sentimento de pena tomou conta de mim. Esse sábado nasceu um Pai Pequeno, de forma surpreendente e imprevisível como a vida é. Nasceu um Pai Pequeno em um grande homem que já ali existia, ou o Pai pequeno também já existia?
O termo Pai na Umbanda, hierarquicamente falando, me trás conforto. Meu Pai carnal é um herói, meu Pai de Santo também é. Agora tenho um Pai Pequeno. Meu pensamento não é limitado por nenhum deles, muito pelo contrário. Acredito que alguém precisa tomar as rédeas das situações e pilotar o barco, pois só entro nos barcos que confio estarem sendo bem guiados por pessoas capazes e que, vão de encontro com aquilo que acredito ser certo.
O movimento de ir e vir das coisas faz das relações, sejam elas de Pai e Filho ou qualquer outra, gerarem mudanças. Algumas necessárias outras nem tanto. Quem define o que é necessário? Eu? Você? Prefiro ainda o nós... Estando assim no mesmo barco. Respire e silencie. Levante, precisamos continuar a caminhada...
“O que acha de pegar a agulha da sua lógica e costurar todos os fatos isolados do seu dia, mês, ano? Isto é preparação e cuidado com você mesmo. Cuidar de si gera preparação e maturidade. Isto é processo. O resultado final será consequência.”
Fatos Isolados – Mário Patruni – 04 de abril
“Sabemos que a voz do bom senso é o melhor remédio e também que não existe maior exemplo do que alguém de confiança para nos mostrar o caminho. Sim, confiança... Não afim de matar a personalidade, mas sim harmonizar os atos. Disciplina é confiança, eu confio...”
Harmonizando Atos – Mário Patruni – 12 de abril
“Ao simbolizar, seja união ou qualquer outra coisa, lembremos que estamos integrados e co-dependendo sempre um do outro. Podemos carregar aquilo que nos cerca com qualquer significado. Para mim, união é Tribo.”
Quanto a símbolos – Mário Patruni – 18 de abril
Em três citações caminhamos pelo mês de abril. Pode ter certeza, nossa aprendizagem durante as giras não se resumem a três frases nem tampouco as coisas que absorvi de cada uma. Gostaria agora que nesta segunda pausa, necessária, me conte um pouco sobre você. Quantas vezes você deixou sua voz se sobre sair às demais? Quantas vezes você silenciou quando queria tanto falar? Você já respeitou a respiração alheia ou já parou para respirar junto? Estou do seu lado respirando junto com você agora. Nunca estive longe e nossa respiração fala mais alto que qualquer grito. Respira e silencia. Abraça quem você ama e só respira, sem falar. Respira alto e baixo, respira fundo, silencia e depois fala. Só silenciar pode ser omissão, só falar pode ser imposição.
“O perdão é um processo mental ou espiritual de cessar o sentimento de raiva ou ressentimento contra outra pessoa ou si mesmo, decorrente de uma ofensa percebida, diferenças, erros ou fracassos, ou cessar a exigência de castigo ou restituição. Não é o esquecimento completo e absoluto das ofensas (impossível), mas sim diz respeito ao nível de maturidade que temos para lidar com estas. Vem do coração, é sincero, generoso e não fere o amor próprio do ofensor. Não impõe condições humilhantes tampouco é motivado por orgulho ou ostentação. O verdadeiro perdão se reconhece pelos atos e não pelas palavras.”
Cura e Felicidade – Mário Patruni – 02 de maio.
“A mente aprendiz compromete-se com o novo. Por consequencia inova admirando, respeitando e confiando. Não existe comprometimento sem admiração, respeito e confiança.”
A galinha ou o porco? – Mário Patruni – 10 de maio.
“Respeito é um sentimento de estima, específico de consideração pelas qualidades reais do respeitado. Do latim, “respicere” significa olhar para trás. Junto com respeito vem a consideração, identificação e o ‘colocar-se no lugar do outro... Enquanto iguais, respeitemos a diferença. Enquanto diferentes, respeitemos de igual forma àquilo que nos faz crer que: sermos iguais, diferentes ou mesmo parecidos é o que nos esquenta por dentro quando lá fora está frio. Salve o respeito, salve a diferença.”
Falou e Disse – Mário Patruni – 15 de maio.
“E agora José? A festa acabou. A luz apagou. O povo sumiu. A noite esfriou. E agora José? E agora você?...”
Carlos Drummond de Andrade
Amasim – Mário Patruni – 22 de maio.
“Estamos caminhando de olhos vendados, alguns em rumos diferentes, outros no mesmo rumo. Não viemos do mesmo lugar, não temos a definição correta do certo ou errado, usamos sim o bom senso... Um ponto de vista é apenas a vista de um determinado ponto.”
Querido Kiwi – Mário Patruni – 30 de maio.
As frases acima fazem referência a maio de 2011. Dia 07 de maio foi dia do silêncio. Para um grupo religioso X, no dia 21 de maio o mundo acabaria. Para quem perdeu sua mãe, seu pai, um filho jovem, o mundo deve de fato ter acabado. Eu ainda estou aqui, você também. Não espere as coisas acabarem para resolver situações e problemas que o afligem. Resolver significa bater de frente, bater de frente não significa ofender, mas ir de encontro a... Não sei como resolver problemas, desculpe se meu título lhe deu algum sinal de esperança. Sei que uma boa forma de lidar com eles é olhar para trás e caminhar de mãos dadas com o principal causador deles. Se for um amigo, convide-o para uma caminhada e, juntos, silenciem e respirem.
Em junho um lobo me visitou, depois disso meu corpo desequilibrou e equilibrou novamente. Em julho minha vida mudou completamente. O mundo não parou para eu resolver meus problemas e meus problemas pareceram muito pequenos frente aos problemas de outras pessoas, porém não menos importantes.
“Estamos perdendo o foco”. Ouvi muito isto este final de semana. De fato estamos e, na tentativa de aproximar e focar, sugiro um distanciamento individual, distanciamento este que me leva a caminhar primeiro sozinho, depois de mãos dadas para ver qual a melhor estrada a seguir. Ninguém quer seguir em uma estrada firme sabendo que o outro caminha sobre pedras. E se o falar já esta fazendo mal por hora, apenas abraça e silencia, silencia e sente, sente e compartilha. Esqueça o medo de abraçar, não por 15 segundos, por 15 minutos. Como a fábula do porco espinho nos atenta: “Aprenderam a conviver com as feridas que a relação com uma pessoa muito próxima poderia causar, já que o mais importante era o calor do outro...”
Nelson Rodrigues escreveu “A vida como ela é”, quem sabe um dia eu escreva “A vida como eu querida que ela fosse” E traga até você alguns segredo de resoluções de problemas, de forma mais rápida, fácil e indolor... por hora: Respira e silencia...